quarta-feira, 28 de maio de 2008

Houston, we've got a problem...

Ando meio preocupada com algumas coisas. Especialmente com a mediocridade das pessoas. Sabe aquela máxima do "não sei fazer, mas faço nas coxas"? Isso acaba com a boa imagem de qualquer cidadão.

O que ocorre ultimamente com quase todo mundo é justamente isso. Tem gente que não sabe determinada profissão, ou não tem habilidade para alguma coisa, e sai se metendo a fazer de qualquer jeito. Se você não for bom, é passado para trás, concorda? Deveria ser assim. Deveria, mas não é. Hoje reina nesse mundo de meu Deus o universo "meia-boca". Para onde a gente olha, tem sempre um "estepe". Eu, sinceramente, não concordo com essa nova onda. Acredito que não vim ao mundo para ser apenas um rascunho. Quero (e acredito) ser boa profissional. Raciocina comigo: você é empresário e contrata alguém para trabalhar, sei lá, na recepção da sua empresa. Findo um mês de trabalho, o tal funcionário novo não consegue dar um "bom dia" a um cliente ou sequer anota recados. E não faz o mínimo esforço para ser agradável. Você, em sã consciência, renovaria o contrato do tal infeliz? Eu não.

O exemplo foi bobo, mas acontece na vida real. Estou falando isso porque acompanhei uma situação como essa há alguns dias. Era uma apresentação de Jazz. Orquestra norte-americana. Havia necessidade de um intérprete para os músicos, uma vez que ocorreram discursos em português. Eis que a tal "intérprete", ao traduzir a fala do apresentador, começou a cometer erros primários! Alguém falou: "é nervosismo". Eu penso diferente. Não é nervosismo, é despreparo. Desmazelo. É o tal negócio: "aprendi 6 palavras em inglês. Já sou fluente!". Acontece sempre. É o mesmo caso daquele "músico" de boteco que aprendeu quatro acordes e toca assim todas as músicas que conhece. E o povo gosta! E aquele que estuda, rala, se acaba de tanto treinar não é valorizado. É incrível. Ser bom, hoje, não quer dizer muita coisa.

Mas sejamos realistas: pra se conquistar algo é necessário ser bom. Não digo ser perfeito, pois isso ninguém é. Mas no mínimo é preciso ser esforçado e ter talento para o que se pretende fazer. Acha que o menino-peixe Michael Phelps, da natação, seria esse fenômeno que é hoje se não ficasse 10 horas por dia na piscina, treinando sem parar? Ou o espanhol Rafael Nadal, do tênis, seria o "Rei do Saibro" se não tivesse um mínimo de traquejo com a raquete? E olha que estou citando apenas o esporte.

Eu poderia dar um monte de exemplos de gente boa. Você, leitor guerreiro, provavelmente também tem vários exemplos aí. Também poderia citar vários "um-sete-uns" que estão aí prejudicando a imagem de quem é competente, capaz e não consegue seu lugar ao sol. E acredito que, assim como eu, você deve se irritar com esse pessoalzinho mais-ou-menos que está à solta, por aí, às vezes até competindo com você e se dando bem. Não sei dizer o porquê disso acontecer. Gostaria realmente de entender o motivo que faz a sociedade desprezar o talento e exaltar a mesmice. Será que quem é bom é acomodado? Não sei. Será que faltam oportunidades? Talvez. Será lobby em favor do vagabundozinho meia-boca? É, quem sabe?

Em resumo: hoje meu protesto é contra toda essa gente que prefere se meter onde não deve e fazer pela metade a batalhar para ser bom profissional. Não é só a Apollo 13 que tem problemas. Nossa sociedade passa por um problema de semi-profissionalismo crônico. Quanto a mim, já disse e repito: não estou no mundo para ser rascunho. E você, está?

sábado, 17 de maio de 2008

Frustrações

Algumas coisas acontecem e nos deixam meio frustrados. Você pára e fica assim, meio desnorteado: mas poxa vida, tinha de ser desse jeito? Por que JUSTO comigo?
Pois é. Isso me acontece às vezes. Quase sempre, para falar a verdade. Dias desses eu estava notando que minha lista de frustrações só aumentava em vez de diminuir. Resolvi colocá-la no papel, ou melhor, na tela do computador. Ei-la, então:
  • Eu queria ter uma casa na praia. Qualquer praia. Não, qualquer praia não, vai que meu desejo se realiza e me mandam para uma ilha distante do pacífico? Eu queria ter uma casa numa bela praia. Pode ser em Paraty, me contento com isso.
  • Eu queria ter um Troller amarelo. Ou um Jeep verde. Ah, para falar a verdade eu queria mesmo não ter de andar a pé.
  • Eu queria ter uma irmã, só para ter o prazer de pegar roupas emprestadas e nunca mais devolver.
  • Eu queria ser uma boa pessoa.
  • Eu queria que as pessoas não fizessem tanta hora com a minha cara.
  • Eu queria ter nascido na década de 50. Adoraria ter sido uma adolescente rebelde em 1968.
  • Eu queria escrever para a Revista piauí, mas ainda tenho de melhorar muito.
  • Eu queria brigar menos e amar mais.
  • Eu queria morar em Londres.
  • Eu queria ser boa no judô. Só consigo pés quebrados e ombros doloridos.
  • Eu queria não ter caído da escada em 1993. A inflamação no joelho acabou com todas as minhas chances de ser uma nadadora de alto nível. E eu era boa, pode acreditar!
  • Eu queria dirigir na mão inglesa, para já começar a me acostumar.
  • Eu queria atirar nos guardas da Rainha da Inglaterra, para ver se eles realmente continuam parados.
  • O item 4 é mentira!
  • Eu queria ter uma banda. Qualquer banda. Podia ser até de axé.
  • Eu queria não ter tendinite, para conseguir ter uma banda.
  • O item 4 seria somente com quem merece.
  • Com relação ao item 13, as balas seriam de borracha. Não quero morrer numa cadeia londrina nem ser deportada ao Brasil.
  • Eu queria ser socialmente responsável.
  • Eu queria escardinchar alguém. Seja lá o que isso for. Achei a palavra sonora.
  • Eu queria que as pessoas me ouvissem mais.
  • Eu queria reclamar menos, mas acho isso dificílimo.
  • Quer entender o item 20? Leia Rubem Braga.
  • Eu queria ter uma árvore de barras de chocolate, mas acho que isso é sonho de criança.
  • Eu queria ter uma sala de cinema exclusiva para mim.
  • Eu queria, como RC, ter um milhão de amigos. Mas que se importassem comigo.
  • Eu queria entender as pessoas. Mas isso, então, é "humanamente impossível", parafraseando Vinícius de Moraes.
  • Eu queria lembrar de mais coisas para minha lista, mas já estou me cansando.

Você pode estar pensando que tudo o que escrevi é um monte de bobagem. Para falar a verdade, não me importo. Cansei de ouvir as pessoas dizendo "pára de reclamar, existe gente em situação pior". Claro que estão certos. Mas hoje é meu dia de me frustrar. Na verdade, meu coração hoje "é um pote até aqui de mágoa". Todo mundo tem o seu dia, não é? Duvido que você já não esteja aí matutando na sua própria lista de frustrações. Que provavelmente é diferente da minha. Mas não deixam de ser frustrações.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Ah, a paixão...

Eu comecei a escrever três diferentes textos hoje. Mas, devido aos recentes acontecimentos, tive de mudar novamente. Hoje vou falar de paixão. Sim, paixão por futebol! Existe algo mais inexplicável do que uma multidão de pessoas completamente diferentes entre si correndo ao estádio (ou ficando na frente da TV, como eu) para ver 22 marmanjos correndo atrás de uma bola por 90 minutos? Não dá para entender.


Pois bem, eu também não consigo entender muito bem o porquê da minha inexplicável paixão pelo mais querido, mais amado e mais cotado... o Flamengo, é claro. Uma vez uma amiga disse que os torcedores do Flamengo são "torcedores de moda", pelo fato de o time ter uma grande torcida, um grande apelo da mídia, etc etc. Pois eu digo que não. O torcedor de verdade tem paixão genuína pelo time; sofre, chora, ri, pula junto com a torcida, ouve o jogo escondido do patrão, num radinho vagabundo, quase não conseguindo escutar o que o locutor diz. Sabe a escalação de cor. Lembra de um jogo emocionante que assistiu debaixo de chuva, no estádio, que ele só conseguiu ver porque pegou dinheiro emprestado para comprar o ingresso... É incrível o que o futebol pode fazer. Veja só: estou aqui, escrevendo esse texto, completamente rouca de tanto gritar e totalmente sem unhas (porque foram completamente destruídas durante a partida final do Carioca, agora há pouco), só para falar da imensa felicidade que o mais querido sempre me proporciona (assim como foi hoje).

Quando eu tinha apenas quatro anos de idade (e eu me lembro disso como se fosse hoje), um dos meus tios veio nos fazer uma visita. Por incrível coincidência, tinha jogo do Flamengo no fim de semana. Era um Flamengo e Fluminense. Na minha casa eu tinha pai e mãe flamenguistas, o que já me fazia ter simpatia pelo clube. Mas eu fiquei impressionada com o jeito como meu tio torcia pelo rubro-negro. O Flamengo ganhou aquela partida, que não era nem final, nem nada, mas ele estava tão emocionado com a vitória que apontava para a TV e me dizia: "você é flamenguista, minha filha? tem que ser, tem que ser, não há time melhor"... acho que foi aí que tudo começou. Comecei a vigiar os dias em que passavam jogos do Flamengo na TV. Passei a gostar muito (mais do que eu já gostava) das cores vermelha e preta. Nas brincadeiras na escola, se tinha futebol, meu time era sempre o Flamengo, senão dava briga.

Já adolescente, a paixão era mais visível: eu acompanhava programas de esporte, tinha embates táticos com meus amigos e fiquei por uma semana tendo de aguentar a zoação pela vitória do Fluminense no carioca de 1995 (aquela, do gol de barriga do Renato Gaúcho). Disse que teria volta, e teve: no ano seguinte, enquanto tricolores nem tinham por quem torcer na final, o rubro-negro calava a torcida vascaína com uma vitória por 2 x 0. Minha comemoração naquele ano foi em alto estilo: com direito a show do Paralamas do Sucesso (era festa aqui, na minha cidade) e Hebert Vianna, flamenguista doente, vestido com a camisa rubro-negra durante todo o show. Em 2000, estudando fora, assisti ao jogo no meio de um monte de desconhecidos, num bar próximo à república onde morava. E ainda participei de carreata depois do jogo! Futebol também ajuda a fazer amigos, ora pois!

Em 2001, eu estava tocando na missa, no momento da final do carioca. Flamengo x Vasco. Escapei da igreja momentaneamente, a tempo de ver a pintura de gol que o Petkovic fez: golaço de falta, no ângulo. 3 x 1 Flamengo. E ainda consegui voltar pra dentro da igreja a tempo de tocar a música de comunhão, hahaha. Deus vai me perdoar.

E a minha louca paixão por esse time que "me mata, me maltrata, me arrebata de emoção no coração" continua. Hoje fiquei em casa, sofrendo sozinha e me matando de gritar a cada gol e cada lance. É por isso que afirmo que não é modismo, longe disso: é amor genuíno mesmo. Aposto que é assim com qualquer torcedor, seja para qual time ele torça. Os artistas estão aí para me provar isso: o grande Nelson Rodrigues, Chico Buarque, e seu Fluminense; Djavan e Jorge Ben, flamenguistas; Kleiton e Kledir Ramil, colorados... isso para citar alguns. Todos eles se remetem aos times do coração em uma ou outra composição. Se isso não é amor à camisa, não sei o que é.

Bom, agora já chega, porque ainda preciso comemorar a grande vitória de hoje e implicar com os adversários, é claro! Senão, de que adianta ganhar??! Tem que zoar, tem que zoar! Agradecendo a paciência, aguardo meu leitor guerreiro para mais uma crônica, que já tem, pelo menos, três introduções diferentes, hahahaha. Até a próxima!


Musiquinhas da vitória:
"Vamos Flamengo, vamos ser campeões, vamos Flamengo, minha maior paixão, vamos Flamengo!"
"E ninguém cala esse chororô, chora o presidente, chora o time inteiro, chora o torcedor!" (para acabar com os botafoguenses)
"Tu és time de tradição, raça amor e paixão, oh meu Mengo!
Eu sempre te amarei, onde estiver estarei, oh meu Mengo!"

Esse texto foi escrito (e só poderia ter sido escrito assim) ao som do Hino do Flamengo!

ah, aproveito para dar os créditos da foto do "quem sou eu" ao Sr. Stéfano "Popov" Fabris, um fotógrafo-cantor-companheiro de filmes-parceiro de banda "porreta".

abraço aos leitores desse blog, especialmente aos flamenguistas, e meus pêsames aos botafoguenses. Aliás, fiquem contentes: vocês tiraram do Vasco o título de vice... hahahaha!