terça-feira, 2 de setembro de 2008

Desapego

A gente tem umas manias estranhas. Acho que a mais estranha delas é essa de se apegar às coisas, ou às pessoas. Eu, por exemplo, tenho um mini travesseiro que me acompanha, veja só, desde o meu nascimento. Não consigo dormir sem aquele pedaço de espuma velho. Eu até tento me livrar dele, mas não consigo. Já se transformou em parte da minha vida.

Com as pessoas não é diferente. Todo mundo tem uma certa fissura por alguém; não adianta falar que com você não é assim. Pára um pouquinho e pensa: em algum momento da sua vida isso lhe ocorreu. Quer ver um exemplo? Os pais. Quando os filhos(as) arrumam namorados(as), e a coisa começa a ficar séria, os pais entram em desespero. É um tal de “ela não serve para você, meu filho”, ou então “esse moleque não presta, minha filha”; e quando a família tem posses: “só tá interessado(a) no nosso dinheiro”. Isso tudo é porque eles simplesmente não suportam a idéia de perder seus queridinhos para outra pessoa. E não só eles são assim. Quando surgem novas amizades na vida de alguém, aquele amigo que foi “trocado” também fica mal. Começa a ficar ciumento. Quer o amigo só para ele. Não sai de casa, entra em depressão. Até que ele, também, consegue outras amizades, e a coisa se inverte.

É por essas e outras que eu, a partir de agora, farei (e sugiro a todos) a técnica do desapego: vou tratar de não me ligar em nada, ou melhor, vou me ligar em várias coisas ao mesmo tempo. Vou arrumar mais de um hobby, dessa forma não me vicio em um só; amigos, então, vou colecionar aos montes. Vários namorados? Essa, realmente, me parece uma excelente idéia! Ah, já estava me esquecendo: bichinhos de estimação. Além do cachorro, vou arrumar papagaio, tartaruga, peixe... tudo para que quando um falte eu tenha outro logo ali, por perto.

Alguém pode dizer, então, que a melhor técnica de desapego é simplesmente não ter nada, nem ninguém. Mas aí perde a graça – a pessoa se transforma em rabugenta. E ninguém quer ser amigo do Sr. Scrooge (aquele que foi visitado pelo fantasma do natal passado, lembra?). Então, o lance é ter tudo-ao-mesmo-tempo-agora. Assim, corre-se bem menos risco de sofrer com a perda. Aconselho o mesmo a você que também passa por essas situações. E viva o desapego!


(P.S.: Esse texto revoltado nasceu após uma noite mal-dormida, por conta de não ter encontrado meu querido travesseirinho... ele me paga, assim que eu achá-lo!)