sexta-feira, 9 de abril de 2010

Desapego, o retorno

Eu tentei. Juro que usei todas as formas conhecidas de se praticar a técnica do desapego. Mas eu descobri que essa é uma tarefa difícil, quiçá impossível.

Eu queria entender, sinceramente, o que nos leva a ser tão ligados a alguma coisa (ou alguém). De onde surge a paixão por um time de futebol, por exemplo? Os jogadores estão a quilômetros de distância do torcedor e nem imaginam que o pobre coitado existe. E o cidadão enfrenta horas numa fila pra tatuar o símbolo do time no corpo. Aí, no mesmo final de semana, o time perde (Malabi sabe! hehe); e o cara xinga até a décima oitava geração, queima camisa, diz que nunca mais vai acompanhar futebol, que vai passar a assistir rugby ou curling. Pura enganação! Horas depois já está na roda de amigos, discutindo exaustivamente com o torcedor adversário, dando uma de gato mestre e defendendo a "porcaria de time" que ele havia detonado há pouco tempo.

Mudança de cenário: lá está a garota olhando aquele jeans que já reside no guarda-roupa há, pelo menos, uma década. Desbotado, quase rasgando e que mal cabe nela (pra vestir, só com ajuda). Jogar fora? Doar pra caridade? Nem pensar! Afinal, eu sempre posso emagrecer, ainda dá pra consertar - são os pensamentos. Cadê o desapego, numa hora dessas?

Agora vem a pior parte: as pessoas. Ah, as pessoas! Se você, assim como eu, é daqueles que bastou falar um singelo "oi" na rua ou concordar com alguma das suas frases imbecis num bate-papo pra virar seu amigo, deve sofrer bastante nesse ponto. Pois hoje, ser volúvel é tendência e o(a) 'melhor amigo(a)' pode se transformar em mero desconhecido num piscar de olhos. Mas você, apegado que só, entra em desespero porque o amigão de sempre (conheceu semana passada, haha) falhou.

Pois é. Fôssemos pessoas libertas desse mal, nada disso aconteceria! Mas não, temos sempre de ser apegados. Maldita necessidade de aceitação que não nos deixa em paz. Mas como eu já disse no início, o desapego não funciona. E lá vamos nós de novo, como num círculo vicioso: sofrer com o time, decidir se a roupa fica ou não fica, reclamar do abandono... vida que segue!






P.S. 1: sim, achei meu travesseiro. Depois disso tentei joga-lo fora (peguei de volta antes que o lixeiro passasse); dei como brinquedo pro cachorro (vários arranhões e mordidas depois, consegui recupera-lo); tentei ignorar a existência dele (a insônia não deixou). Enfim, melhor continuar do jeito que está.

P.S. 2: não, não sou vascaína. Graças a Deus, eu fecho com o certo (salve salve mengão). E sim, embora não pareça, o post revoltado é porque eu até queria me desapegar disso. Mas invariavelmente acabo discutindo com os outros por causa de futebol. Vai entender?!