segunda-feira, 5 de maio de 2008

Ah, a paixão...

Eu comecei a escrever três diferentes textos hoje. Mas, devido aos recentes acontecimentos, tive de mudar novamente. Hoje vou falar de paixão. Sim, paixão por futebol! Existe algo mais inexplicável do que uma multidão de pessoas completamente diferentes entre si correndo ao estádio (ou ficando na frente da TV, como eu) para ver 22 marmanjos correndo atrás de uma bola por 90 minutos? Não dá para entender.


Pois bem, eu também não consigo entender muito bem o porquê da minha inexplicável paixão pelo mais querido, mais amado e mais cotado... o Flamengo, é claro. Uma vez uma amiga disse que os torcedores do Flamengo são "torcedores de moda", pelo fato de o time ter uma grande torcida, um grande apelo da mídia, etc etc. Pois eu digo que não. O torcedor de verdade tem paixão genuína pelo time; sofre, chora, ri, pula junto com a torcida, ouve o jogo escondido do patrão, num radinho vagabundo, quase não conseguindo escutar o que o locutor diz. Sabe a escalação de cor. Lembra de um jogo emocionante que assistiu debaixo de chuva, no estádio, que ele só conseguiu ver porque pegou dinheiro emprestado para comprar o ingresso... É incrível o que o futebol pode fazer. Veja só: estou aqui, escrevendo esse texto, completamente rouca de tanto gritar e totalmente sem unhas (porque foram completamente destruídas durante a partida final do Carioca, agora há pouco), só para falar da imensa felicidade que o mais querido sempre me proporciona (assim como foi hoje).

Quando eu tinha apenas quatro anos de idade (e eu me lembro disso como se fosse hoje), um dos meus tios veio nos fazer uma visita. Por incrível coincidência, tinha jogo do Flamengo no fim de semana. Era um Flamengo e Fluminense. Na minha casa eu tinha pai e mãe flamenguistas, o que já me fazia ter simpatia pelo clube. Mas eu fiquei impressionada com o jeito como meu tio torcia pelo rubro-negro. O Flamengo ganhou aquela partida, que não era nem final, nem nada, mas ele estava tão emocionado com a vitória que apontava para a TV e me dizia: "você é flamenguista, minha filha? tem que ser, tem que ser, não há time melhor"... acho que foi aí que tudo começou. Comecei a vigiar os dias em que passavam jogos do Flamengo na TV. Passei a gostar muito (mais do que eu já gostava) das cores vermelha e preta. Nas brincadeiras na escola, se tinha futebol, meu time era sempre o Flamengo, senão dava briga.

Já adolescente, a paixão era mais visível: eu acompanhava programas de esporte, tinha embates táticos com meus amigos e fiquei por uma semana tendo de aguentar a zoação pela vitória do Fluminense no carioca de 1995 (aquela, do gol de barriga do Renato Gaúcho). Disse que teria volta, e teve: no ano seguinte, enquanto tricolores nem tinham por quem torcer na final, o rubro-negro calava a torcida vascaína com uma vitória por 2 x 0. Minha comemoração naquele ano foi em alto estilo: com direito a show do Paralamas do Sucesso (era festa aqui, na minha cidade) e Hebert Vianna, flamenguista doente, vestido com a camisa rubro-negra durante todo o show. Em 2000, estudando fora, assisti ao jogo no meio de um monte de desconhecidos, num bar próximo à república onde morava. E ainda participei de carreata depois do jogo! Futebol também ajuda a fazer amigos, ora pois!

Em 2001, eu estava tocando na missa, no momento da final do carioca. Flamengo x Vasco. Escapei da igreja momentaneamente, a tempo de ver a pintura de gol que o Petkovic fez: golaço de falta, no ângulo. 3 x 1 Flamengo. E ainda consegui voltar pra dentro da igreja a tempo de tocar a música de comunhão, hahaha. Deus vai me perdoar.

E a minha louca paixão por esse time que "me mata, me maltrata, me arrebata de emoção no coração" continua. Hoje fiquei em casa, sofrendo sozinha e me matando de gritar a cada gol e cada lance. É por isso que afirmo que não é modismo, longe disso: é amor genuíno mesmo. Aposto que é assim com qualquer torcedor, seja para qual time ele torça. Os artistas estão aí para me provar isso: o grande Nelson Rodrigues, Chico Buarque, e seu Fluminense; Djavan e Jorge Ben, flamenguistas; Kleiton e Kledir Ramil, colorados... isso para citar alguns. Todos eles se remetem aos times do coração em uma ou outra composição. Se isso não é amor à camisa, não sei o que é.

Bom, agora já chega, porque ainda preciso comemorar a grande vitória de hoje e implicar com os adversários, é claro! Senão, de que adianta ganhar??! Tem que zoar, tem que zoar! Agradecendo a paciência, aguardo meu leitor guerreiro para mais uma crônica, que já tem, pelo menos, três introduções diferentes, hahahaha. Até a próxima!


Musiquinhas da vitória:
"Vamos Flamengo, vamos ser campeões, vamos Flamengo, minha maior paixão, vamos Flamengo!"
"E ninguém cala esse chororô, chora o presidente, chora o time inteiro, chora o torcedor!" (para acabar com os botafoguenses)
"Tu és time de tradição, raça amor e paixão, oh meu Mengo!
Eu sempre te amarei, onde estiver estarei, oh meu Mengo!"

Esse texto foi escrito (e só poderia ter sido escrito assim) ao som do Hino do Flamengo!

ah, aproveito para dar os créditos da foto do "quem sou eu" ao Sr. Stéfano "Popov" Fabris, um fotógrafo-cantor-companheiro de filmes-parceiro de banda "porreta".

abraço aos leitores desse blog, especialmente aos flamenguistas, e meus pêsames aos botafoguenses. Aliás, fiquem contentes: vocês tiraram do Vasco o título de vice... hahahaha!

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