terça-feira, 10 de abril de 2012

Evoluções (ou não)

Quando um artista lança um novo trabalho sempre rola aquela curiosidade. Especialmente se for de alguém que você admira e já acompanha há algum tempo. Nesse caso, a expectativa é ainda maior: você quer encontrar no novo disco tudo o que gostou no trabalho anterior. E se ocorreu alguma mudança no som? E se o(a) cantor(a) ou a banda caminhou para outro estilo? Isso costuma acontecer com mais freqüência do que se imagina. Separei 3 casos distintos para uma breve “análise”, se é que eu posso usar esse termo. Vamos a eles:

O Casuarina surgiu para o público com o CD/DVD “MTV Apresenta”- antes, já haviam lançado 2 outros discos. Já muito conhecidos na cena carioca do samba, os rapazes precisaram se adaptar ao formato do show da MTV e mesclaram músicas próprias com clássicos como “Canto de Ossanha”, “Rosa Morena”, “Disritmia” e outros. Não é preciso dizer que o resultado foi ótimo – o sucesso de vendas fala por si. Ao lançar seu novo disco (Trilhos/Terra Firme), em 2011, 2 anos após o MTV Apresenta, o grupo deu um passo além: apresentou ao público um disco totalmente autoral. O trabalho é primoroso; tem samba de roda, de gafieira, partido alto, chorinho. Mas sem a ‘segurança’ das releituras, corre o risco de “afastar” a banda do público que a conheceu pelo show da MTV, que soou um pouco mais “pop” do que a forma como o Casuarina se apresenta.

Maria Rita parecia estar fadada a ser a “filha da Elis Regina”. Mas ela dava indícios de que não queria que isso acontecesse – foi para o exterior, estudou, se preparou e demorou bastante para aparecer com seu primeiro disco, em 2003. O resultado foi um petardo: acompanhada por um jazz trio e com repertório escolhido a dedo, ela mostrou que tinha talento de sobra. Talento que também sobrou no trabalho seguinte (Segundo, 2005) – que, pelo menos aos meus ouvidos, soou um pouco mais “cru”, e dava a impressão de que aquele seria o norte da cantora. Acontece que, talvez por tentar se adaptar ao mercado, ou para soar “pop”, Maria Rita se perdeu no tempo quando gravou um disco de sambas. Mais ainda quando resolveu homenagear a mãe (o que pra mim pareceu mais ser um show caça-níqueis). Acabou soando como um retrocesso, já que a imagem de “a filha da Elis Regina” acabou aparecendo exatamente quando ela mudou o estilo apresentado nos primeiros discos. E parece que ela própria percebeu isso – seu mais novo disco, "Elo", do ano passado, tem algumas coisas boas e ensaia uma aproximação com o som cru, forte, do início da carreira. A versão dela pra "Santana", do Lenine, está ótima.

Roberta Sá, para mim, é o caso mais emblemático de mudança de estilo. Seu novo disco, “Segunda Pele” (2011), é bem diferente dos anteriores em um aspecto: o samba, marca registrada da cantora e carro-chefe de seus 2 primeiros trabalhos, só aparece em um registro. Roberta, a meu ver, “amadureceu” e trouxe ao público um som diferenciado, o que, aos ouvidos dos fãs, soou estranho. A aposta em fugir da zona de conforto do samba foi arriscada, mas não deixa de ser um passo além. Um passo que pode significar, talvez, a consolidação de Roberta entre as grandes intérpretes da MPB e, ao mesmo tempo, uma dificuldade em alcançar o sucesso entre o grande público, já que “Segunda Pele” não traz músicas que podem se tornar sucesso fácil.

Esses são os exemplos que mais me saltaram aos olhos – melhor, aos ouvidos – atualmente. E você, lembra de alguém que teve uma grande mudança de estilo? Me fale! Aguardo seus comentários por aqui. E por hora, é isso!

2 comentários:

André Fachetti disse...

To lembrando da otima PAULA LIMA
Primeiro disco perfeito,com som naturalissimo na voz dela, otimo instrumental
Veio o segundo, bom nivel mas ja com grandes diferenças - pra pior
O terceiro....bem, melhor ouvir o primeiro de novo

Ale disse...

só ouvi os 2 primeiros da Paula Lima... vou procurar o último. Mas realmente, houve uma queda de produção no caso dela...